Durante a sessão ordinária da Câmara Municipal realizada na última segunda-feira (28), o vereador Márcio Bonifácio (Republicanos) comentou sobre os entraves relacionados à política habitacional de Sapezal. Em sua fala, destacou as dificuldades enfrentadas pelo município para viabilizar projetos habitacionais e defendeu o comprometimento do Legislativo e da Prefeitura com o tema. No entanto, uma declaração em especial chamou a atenção: “Mas algumas pessoas gostam de fazer disso palco político e aí vira esse transtorno dentro do município e isso impede também o caminhar das coisas.” cu2c
Segundo o ponto de vista do parlamentar, parte da responsabilidade pela lentidão ou paralisação das iniciativas seria atribuída à atuação de críticos que, ao levantar questionamentos, estariam atrapalhando o andamento dos projetos. A fala, ainda que expressa como desabafo, minimiza os problemas estruturais da política habitacional local e transfere a responsabilidade pela estagnação a setores da sociedade que cobram soluções.
A declaração vem em um momento em que Sapezal enfrenta uma grave crise no setor de habitação. O município, que há anos sofre com déficit habitacional, pouco avançou em soluções concretas. Um exemplo disso é o projeto Vida Nova I, que previa 76 unidades habitacionais, mas em nove anos apenas 19 casas foram entregues. Outro projeto, ainda mais ambicioso, prevê a construção de 180 casas populares com apoio do governo do estado, mas está paralisado por falta de apresentação de projetos técnicos pela gestão municipal.
Enquanto os projetos habitacionais caminham a os lentos ou sequer saem do papel, a atual gestão tem priorizado obras de pavimentação asfáltica, muitas delas em áreas que beneficiam diretamente grandes empreendimentos e empresários locais. Essa escolha de prioridades tem sido alvo de críticas por parte da população, que enxerga nas obras um uso questionável de recursos públicos frente à urgência habitacional.
Diante desse cenário, o discurso de que a crítica é um entrave soa como uma tentativa de desviar o foco das responsabilidades istrativas e políticas sobre a estagnação dos projetos habitacionais. A população que aguarda há anos por moradia digna segue sem resposta clara sobre quando — ou se — as promessas sairão do papel.
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